Você lembra da sua infância e da importância que cada gesto de confiança e estímulo que você recebeu para o seu desenvolvimento e formação da pessoa que é hoje? Para todas as crianças, este processo é fundamental para seu crescimento e composição de personalidade e formas de se expressar. E, apesar de cada pessoa ser única, a abertura  e incentivo ao desenvolvimento é igualmente importante para todos nós e, por isso, precisamos falar sobre a importância da autonomia para crianças com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). 

O desenvolvimento da autonomia e busca pela liberdade e independência costuma ser um desejo natural na vida de grande parte das pessoas. No entanto, quando nos referimos às crianças que tem TEA, esta movimentação precisa ser incentivada pelos responsáveis, por meio de ações e cuidados específicos para isto - sempre considerando a individualidade de cada pessoa. De acordo com Vanessa Madaschi - Terapeuta Ocupacional e responsável técnica-científica da Inclusão Eficiente:

“Não existe uma 'receita' para desenvolver habilidades de autonomia e independência com crianças e adolescentes e o mesmo vale para pessoas com TEA. Hoje, os especialistas sabem que mesmo que duas pessoas apresentem o mesmo diagnóstico, elas podem apresentar comportamentos bem distintos frente a um mesmo estímulo, a uma mesma proposta, seja escovar os dentes, se alimentar, arrumar seu material escolar ou estar em contexto social com trocas efetivas.” 

E para contribuir com o entendimento sobre o assunto, Vanessa também compartilhou algumas dicas para dar sequência aos cuidados e desenvolvimento da autonomia de crianças com TEA. Confira:

Primeiro passo: conhecer bem a criança

E o primeiro passo para isso é, justamente, conhecer melhor a realidade da criança. Como ela se relaciona com a família, quais são seus principais hábitos, como sua rotina é organizada. Essas informações são primordiais para compreender quais serão as demandas cognitivas, sensoriais e de comunicação que precisam ser estimuladas com objetivo de desenvolver a autonomia de uma criança com TEA.

Segundo passo: articular uma estratégia organizada e fragmentada de atividades

Após identificar os principais pontos de atenção para os cuidados e incentivos à criança e ao adolescente, é importante entender que as ações não devem ser executadas todas ao mesmo tempo. Criar um processo contínuo de aprendizagem, em que a criança tenha a oportunidade de se desenvolver passo a passo contribui muito para fixação do conhecimento e também segurança para que ela permaneça evoluindo, sem frustrações e com maiores dificuldades no caminho. 

Terceiro passo: procure entender bem todas as variáveis do processo

O reforço positivo dos acertos estimula muito o desenvolvimento da autonomia de uma criança com TEA. Isto porque todos nos  aprendemos com avaliações positivas e com motivação. Ao entenderem que suas ações são celebradas, elas se sentem mais seguras para permanecerem realizando. E, neste sentido, compreender bem todas as variáveis (potenciais frustrações e alternativas para manter o incentivo) é um gesto necessário por parte dos responsáveis, uma vez que é fundamental que todas as pessoas envolvidas no processo se sintam capazes e motivadas para executá-lo de forma leve e promissora. 

Quarto passo: oferecer suporte na medida certa

O foco da atenção tem que ser a própria criança, oferecendo os suportes na medida certa. O que isso quer dizer? Para algumas crianças, como explica Vanessa Madaschi, será necessário suporte visual, controle instrucional da tarefa e, até mesmo, ajuda física, enquanto que para outras, somente uma pista visual pode ser suficiente. 

Isto reforça a importância de conhecer bem a criança e o contexto em que está inserida, lembrando que cada uma delas é única e de realizar uma completa análise das tarefas e atividades com um terapeuta ocupacional pois as diferentess abordagens precisam ser igualmente individualizadas para atender às necessidades particulares de cada pessoa.

Mas quando devemos começar a estimular a autonomia de crianças com TEA?

Quanto antes, melhor! 

Não podemos esperar que as dificuldades começam a aparecer para realizarmos intervenções que estimulem o desenvolvimento da autonomia em crianças com TEA. Para Vanessa, a dica de ouro é: “estar sempre três passos à frente das dificuldades e das necessidades, trabalhando as habilidades das crianças de maneira contínua e funcional”. 

Por exemplo, para que a criança desenvolva a habilidade de comer sozinha, é importante começar a trabalhar com ela este processo de forma contínua e de maneira calma: incentive ela a dar uma colherada, depois outra, mais outra… até que ela sinta-se segura e tenha aprendido a realizar a atividade por si só. A participação dos responsáveis supervisionando e incentivando a habilidade é primordial para que a criança a execute com independência no futuro. Afinal, como explica Vanessa: 

“O ganho de habilidade com qualquer criança se dá através de sucessivas experiências, com sucesso e com fracassos. Elas erram muito antes de acertar. Mas a autonomia e independência caminham de mãos dadas com experiência e rotina, enriquecendo o dia a dia, oferecendo explorações de diferentes maneiras, até que se adquira o sucesso na tarefa com suporte ou não. O importante é o FAZER!” 

Na prática: dicas de ações que contribuem com o desenvolvimento da autonomia em crianças com TEA

Novamente, reforçamos que toda criança é diferente e antes de iniciar uma rotina de atividades para o desenvolvimento de sua autonomia, é fundamental realizar uma avaliação macro sobre quais são os principais pontos de atenção que devem ser observados. Aqui, elencamos de modo geral algumas dicas de ações importantes e que, normalmente, se incluem de alguma maneira nas necessidades dos pacientes. Olha só: 

Fortalecimento da comunicação

Caso a criança apresente dificuldades com a fala, você pode incentivá-la a partir de leituras conjuntas. Comece lendo trechos curtos de histórias interessantes para a criança e, com o tempo, insira ela mais ativamente no processo, pedindo que ela reproduza o que está ouvindo. E gradativamente vá transferindo mais responsabilidades de expressão para a criança, conforme o seu desenvolvimento acontece. Isto contribui para que ela compreenda melhor a importância de suas expressões e sinta-se mais segura para realizá-la. 

Atenção às práticas de autocuidado

Atividades do dia a dia como escovar os dentes, pentear os cabelos, lavar as mãos, também requerem certas habilidades e disciplinas que podem e devem ser incentivadas com crianças com TEA. Acompanhar a rotina das crianças para realizar estas ações é o primeiro passo para que elas identifiquem a importância e necessidade de cada uma, aprendendo também como executá-las cada etapa sozinhas. 

Participação em tarefas domésticas

Entender que também precisam receber responsabilidades domésticas, é fundamental para que as próprias crianças possam desenvolver esta compreensão. Por isso, envolvê-las nas rotinas familiares é um passo importantíssimo para o desenvolvimento da autonomia em crianças com TEA. Por exemplo, se a criança ainda não é capaz de colocar os pratos na mesa por risco de quebra-los que ela possa colocar os guardanapos ou a toalha.

Uma dica importante é: comece dividindo as tarefas em pequenas etapas. Acompanhe cada pequeno passo e, gradativamente, peça para que ela realize mais coisas de uma única vez. 

Estimule habilidades financeiras

Aqui nos referimos às crianças maiores. Para elas, aprender a utilizar o dinheiro é uma habilidade muito importante para fortalecer sua independência e estimular a autonomia mundo afora. Por exemplo, você pode começar com ações simples em casa, como ensiná-la a entender o valor de cada nota ou moeda, e evoluir para práticas sociais, como pedir para a criança entregar o dinheiro ao caixa no momento de uma compra. 

Habilidades de segurança também pedem uma atenção especial

Uma grande preocupação para os familiares de crianças com TEA em relação à independência delas, é a questão da segurança. Por isso, desde cedo é importante guiar de forma lúdica as crianças durante os passeios. 

Por exemplo: tentar inserir as crianças de forma mais ativa e participativa em trajetos no trânsito, como realizar o mesmo trajeto várias vezes para que elas  identifiquem os padrões e percebam as peculiaridades da vida nas ruas. Praticar a compreensão das principais placas e formas de sinalização. Uma dica valiosa é criar um cartão de identificação para acompanhar a criança (mesmo quando ela já tiver habilidade de se locomover sozinha por pequenos trajetos), incluindo o nome, endereço.

Supervisão, avaliação e indicações profissionais são imprescindíveis em todas as etapas do processo!

Listamos aqui as dicas para ilustrar um pouco melhor como certas atividades podem contribuir com o desenvolvimento da autonomia em crianças com TEA, mas reforçamos que o acompanhamento profissional especializado é insubstituível para a compreensão correta das necessidades de e cada criança e adolescente.

Vanessa Madaschi reafirma que: “desenvolver a autonomia e a independência nas habilidades diárias e sociais no TEA é fundamental. Através do que o ambiente oferece como modelação a criança aprenderá. Para as crianças que apresentam maiores níveis de  dificuldades, bons estímulos com mediação dos adultos é de fundamental importância para o desenvolvimento da comunicação e cognição social”.

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